terça-feira, 4 de agosto de 2009

Um certo jeitinho de ser

Há uns tempos atrás um director meu, alemão, disse-me que uma coisa que estava mais ou menos institucionalizada na Alemanha era o facto de cada gestor alemão ter na parede uma caixa vermelha com tampa de vidro com os dizeres "Quebrar em caso de emergência"e um gestor português lá dentro. Se o gestor alemão ficasse encravado porque determinado problema fugia aos parâmetros esperados era só partir o vidro e o gestor português desenrrascava logo a coisa.

Há uns dias atrás, uma amiga mandou-me uma apresentação powerpoint(que está aqui) sobre o desenrrascanso brasileiro. Eu ri-me por causa da ingenuidade e pelos pontapés no português.
E depois pensei melhor.

Este é o "jeitinho de ser" dos brasileiros.... E perguntei-me "Que mal tem arranjar sempre uma solução, por pouco ortodoxa que seja, para os problemas do dia a dia. Chama-se aqui "gambiarra", esta forma de transformar adversidades em trunfos. É a capacidade de adaptação, a flexibilidade, a forma, na sua maioria saudavel, de transformar ambientes adversos, de encontrar respostas pragmáticas para problemas concretos.

O Brasil enfrentou a crise de uma forma muito mais dscontraída que a grande maioria dos outros países. Porquê? porque a crise tem sido uma constante na vida do Brasil, já estão habituados, e sempre se desenrrascaram com aquele jeitinho que não transmite outro sentimento que não otimismo. Mostra que é possivel realizar sonhos mesmo na adversidade, mostra que há uma cultura de soluções e não de culto aos problemas. Tudo isto revela um país fertil, onde bem ou mal, mais depressa ou devagar, as ideias vingam.

Assistimos recentemente à total subversão e derrocada do "American Dream" que levou todo o mundo ocidental a uma crise de absurdas porporções simplesmente porque "toda a gente dava palmadinhas nas costas de toda a gente e dizia quão bons cada um de nós era". Essa atitude até criou uma corrente literária em Portugal : "Aurea Mediocritas".

Temos que voltar ao mundo do concreto, do real e não dos "activos tóxicos". Temos que voltar para o mundo do pragmático e não para os "Investimentos à Maddox".

Quando eu digo temos, estou a falar de alguns, não de todos.

Benvidos ao "Jeitinho Brasileiro", ao "Brasilian Dream", onde os sonhos ainda vingam, ingénuos, sintaticamente errados, mas concretos, reais, pragmaticos e, na sua grande maioria, bem sucedidos, onde todos nós, cada um de nós é efectivamente um "Magaiver".

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