Foi assim:
Tava eu e a mais o meu amigo Toninho, mais as respectivas respectivas, em Alfama, alí no início da Rua da Madalena, em noite de Santos Populares. Estavamos a jantar numas mesas postas na rua e Portugal jogava com a Inglaterra no europeu de futebol. Isto coloca-nos portanto em 2000.
De vez em quando as cadeiras era todas espalhadas pela rua, quando se ouvia "Golo" na televisão lá de dentro do restaurantee o pessoal ia todo a correr, de sardinha na mão, para ver a repetição.
Bom. Já tinhamos jantado, deviamos estar paraí no café ou coisa que se pareça e damos com um polícia a "controlar" o trânsito, não deixando o pessoa de carro entrar para a rua da Madalena e mandando-os para o Campo das Cebolas. Bom, se não é isso podia ser. O que interessa é que o polícia estava no meio da rua, gordo (se me lembro) suado, com o chapeu no cocuruto da cabeça, desejando estar em outro lado que não ali. Ah, é verdade, o principal é que as ordens que ele estava a dar ao trânsito iam contra a sinalização fixa, e daí ele ter que estar ali.
A paginas tantas, e para grande gozo nosso, o gaijo vai à mota ou ao carro, nem me lembro bem, saca de lá um alicate, desaperta dois parafuso do sinal de transito proibido, e com duas marteladas de alicate pôe o sinal no chão, removendo assim a causa da necessidade de estar ali.
Puxou as calças pra cima ( que lhe tinham escorregado pela circunferência abaixo) endireitou o chapéu e foi à vida.
Eu e o Toninho escangalhámo-nos a rir do pragmatismo do polícia ( e naturalmente de tanta cerveja que já tinha descido). E o Toninho, com aquela mordacidade que lhe é característica, até comentou "Acabaram-se os problemas de trânsito em Lisboa. Agora quando um sinal de transito nos for inconveniente, basta agarrar no alicate e resolve-se o problema..."
Foi primeira vez que me confrontei com o conceito de "Desbloqueador" (Outro meu amigo, também António, fez dos "desbloqueadores de conversa" a sua marca registada. Adiante....)
Aqui no Brasil, encontrei recentemente outro desbloqueador de trânsito. E como as boas ideias serão sempre boas ideias (independentemente da ingenuidade - e do alicate - de cada um) deixo aqui registada a ideia.
A minha casa fica numa das avenidas principais de Três Lagoas. Tem, comparativamente ao resto da cidade, bastante movimento. Fica também num cruzamento importante.
Ao fim da tarde, sento-me na varanda pego o meu violão e começo a tocar e a minha morena que está sempre bem disposta senta-se a meu lado e começa a cantar.... ahhhh não é isso, isso é a Marambaia....
Ao fim da tarde, sento-me na varanda, às vezes a beber uma cerveja às vezes a beber um iogurte, a ver o movimento e reparei na seguinte regra ( não escrita) de trânsito:
O que acontece é que embora no meu cruzamento haja uma rotunda (em pt-pt ou rotatória em pt-br) que o pessoal usa normalmente para fazer as mudanças de direção, se a questão for a inversão de sentido faz-se logo ali, sem necessidade de ir à rotunda.
No início, quando vi aquilo, pensei que estivesse de volta à India
E se calhar é efectivamente a mesma coisa: quando todos conheçem as mesmas regras não há problema. Só os estrangeiros é que veêm o caos e esses são uma minoria.
Lembro-me de um final de um post de há tempos: Somos todos Macgyver....



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