Há uns anos atrás, um amigo meu, médico, confidenciou-me que os hospitais portugueses andavam entupidos de gente, velhotes e velhotas, não que precisassem de tratamento, mas que, há falta de para onde ir e passarem os dias, iam para o hospital, que lá sempre iam encontrando outros como eles e sempre os enfermeiros, pelo menos, iam perguntando como estavam e como passavam. Confesso que fiquei chocado e achei o desamparo da nossa 3ª idade verdadeiramente triste.
Isso aqui no Brasil, não acontece. A 3ª idade é acarinhada, reverenciada, previlegiada.... e posta a trabalhar, que isto de ficarem sem fazer nada nos centros de dia é bom pra jovens desempregados....
No Brasil, o idoso (>65 anos) tem tratamento preferencial. Seja na repartição pública, seja no banco, seja na companhia de aguas ou electricidade. De forma a que quando uma família tem um assunto pra tratar manda o avô ou a avó. Assim, os assuntos são tratados de uma forma expedita e o adulto trabalhador ou trabalhadora não perde horas ou dias de trabalho e logo mantem a produtividade nacional.
O problema agora é que há tantos velhinhos e velhinhas a tratar de assuntos de família que as repartições agora viraram centro geriátricos onde o tratamento preferencial que lhes era destinado passou agora a ser a norma.
E viva a democracia. Agora esperam tanto tempo como nós costumávamos esperar, que é pra saberem o que é doçe.
O meu grande problema, é que como jovem ancião, ainda não tenho tratamento preferencial, e por isso, só depois de mandarem todos os velhinhos embora é que tratam de mim. Seríamos, todos iguais, se não houvesse uns mais iguais que outros. É a discriminação inversa. Se és jovem é discriminado. É a vingança dos velhos. Tardou mas chegou.
E o País ganha com isso. Ganha em manter uma população útil mesmo depois de acabada a chamada "vida ativa". Ganha o País que cresce onde a produtividade da geração adulta produtiva não é afectada pelos requisitos burocráticos de um estado moderno de direito. Ganha o País porque não tem necessidade de fazer stock de Prozacs, Xanaxes e afins tão necessários depois de um e qualquer confronto com a máquina estadual ou corporativa. Ganha o País que mantêm uma Previdência Social equilibrada, porque se poem os aposentados a trabalhar aumentam as possibilidades de morrerem atropelados e desta forma cumprem o objectivo sublime de não sobrecarregarem as finanças do País com aposentadorias longas.


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