Hoje li na revista "Época" 2 artigos interessantíssimos sobre a política brasileira: este e este .
E Lembrei-me de um texto que recebi há uns dias atrás, de uma amiga que não menciono para não dar qualquer indicação, e que vou transcrever.
Mas com algumas alterações: Tudo o que eu fiz foi alterar referencias que poderiam identificar de que país se trata. Essas referencias estão identificadas pelos sinais "{" no inicio e "}" no fim.
O Desafio é identificar de que país estamos a falar.
Ora aqui vai:
A crença geral anterior era de que {Chefe do Executivo Anterior} não servia, bem como {Chefe do Executivo De Há Muitos Anos}, {Chefe do Executivo Ainda Mais Anterior} e {Chefe do Executivo Ainda Mais Mais Anterior}.
Agora dizemos que {Chefe do Executivo Corrente} não serve. E o que vier depois de {Chefe do Executivo Corrente} também não servirá para nada.
Por isso começo a suspeitar que o problema não está no trapalhão que foi o {Chefe do Executivo Anterior} ou na farsa que é o {Chefe do Executivo Corrente}. O problema está em nós. Nós como povo. Nós como matéria prima de um país.
Porque pertenço a um país onde a ESPERTEZA é a moeda sempre valorizada, tanto ou mais do que {A Nossa Moeda Corrente}.
Um país onde ficar rico da noite para o dia é uma virtude mais apreciada do que formar uma família baseada em valores e respeito aos demais. Pertenço a um país onde, lamentavelmente, os jornais jamais poderão ser vendidos como em outros países, isto é, pondo umas caixas nos passeios onde se paga por um só jornal E SE TIRA UM SÓ JORNAL, DEIXANDO-SE OS DEMAIS ONDE ESTÃO.
Pertenço ao país onde as EMPRESAS PRIVADAS são fornecedoras particulares dos seus empregados pouco honestos, que levam para casa, como se fosse correcto, folhas de papel, lápis, canetas, clips e tudo o que possa ser útil para os trabalhos de escola dos filhos... e para eles mesmos.
Pertenço a um país onde as pessoas se sentem espertas porque conseguiram comprar um descodificador falso para a {Televisão}, onde se frauda a declaração de {Imposto de Renda} para não pagar ou pagar menos impostos.
Pertenço a um país:
-Onde a falta de pontualidade é um hábito;
-Onde os directores das empresas não valorizam o capital humano.
-Onde há pouco interesse pela ecologia, onde as pessoas atiram lixo nas ruas e, depois, reclamam do governo por não limpar os esgotos.
-Onde pessoas se queixam que a luz e a água são serviços caros.
-Onde não existe a cultura pela leitura (onde os nossos jovens dizem que é 'muito chato ter que ler') e não há consciência nem memória política, histórica nem económica.
-Onde os nossos políticos trabalham dois dias por semana para aprovar projectos e leis que só servem para caçar os pobres, arreliar a classe média e beneficiar alguns
-Onde as cartas de condução e as declarações médicas podem ser 'compradas', sem se fazer qualquer exame.
-Onde uma pessoa de idade avançada, ou uma mulher com uma criança nos braços, ou um inválido, fica em pé no {Transport Público}, enquanto a pessoa que está sentada finge que dorme para não lhe dar o lugar.
-Onde a prioridade de passagem é para o carro e não para o peão.
- Onde fazemos muitas coisas erradas, mas estamos sempre a criticar os nossos governantes.
Quanto mais analiso os defeitos do {Chefe do Executivo Anterior} e do {Chefe do Executivo Corrente}, melhor me sinto como pessoa, apesar de que ainda ontem corrompi um {Polícia de Trânsito} para não ser multado.
Quanto mais digo o quanto o {Chefe do Executivo De Há Muitos Anos} é culpado, melhor sou eu, apesar de que ainda hoje pela manhã explorei um cliente que confiava em mim, o que me ajudou a pagar algumas dívidas.
Não. Não. Não. Já basta.
Como 'matéria prima' de um país, temos muitas coisas boas, mas falta muito para sermos os homens e as mulheres que o nosso país precisa.Esses defeitos, essa {esperteza/desenrrasca} congénita, essa desonestidade em pequena escala, que depois cresce e evolui até se converter em casos escandalosos na política, essa falta de qualidade humana, mais do que o {Chefe do Executivo Anterior}, o {Chefe do Executivo Ainda Mais Mais Anterior}, o {Chefe do Executivo De Há Muitos Anos} ou {Chefe do Executivo Corrente}, é que é real e honestamente má, porque todos eles são {da mesma nacionalidade}, como nós, ELEITOS POR NÓS. Nascidos aqui, não noutra parte...
Fico triste.
Porque, ainda que {Chefe do Executivo Corrente} se fosse embora hoje, o próximo que o suceder terá que continuar a trabalhar com a mesma matéria prima defeituosa que, como povo, somos nós mesmos.
E não poderá fazer nada...
Não tenho nenhuma garantia de que alguém possa fazer melhor, mas enquanto alguém não sinalizar um caminho destinado a erradicar primeiro os vícios que temos como povo, ninguém servirá.
Nem serviu o {Chefe do Executivo Anterior}, nem serviu o {Chefe do Executivo Ainda Mais Mais Anterior}, não serviu o {Chefe do Executivo De Há Muitos Anos}, nem serve o {Chefe do Executivo Corrente} e nem servirá o que vier.
Qual é a alternativa ?
Precisamos de mais {uma ditadura}, para que nos faça cumprir a lei com a força e por meio do terror ?
Aqui faz falta outra coisa. E enquanto essa 'outra coisa' não comece a surgir de baixo para cima, ou de cima para baixo, ou do centro para os lados, ou como queiram, seguiremos igualmente condenados, igualmente estancados... igualmente abusados !
É muito bom ser {da nossa nacionalidade}. Mas quando essa {nacionalidade} autóctone começa a ser um empecilho às nossas possibilidades de desenvolvimento como Nação, então tudo muda... Não esperemos acender uma vela a todos os santos, a ver se nos mandam um messias.
Nós temos que mudar.
Um novo governante com os mesmos {nacionais} nada poderá fazer. Está muito claro... Somos nós que temos que mudar.
Sim, creio que isto encaixa muito bem em tudo o que anda a acontecer-nos: Desculpamos a mediocridade de programas de televisão nefastos e, francamente, somos tolerantes com o fracasso. É a indústria da desculpa e da estupidez.
Agora, depois desta mensagem, francamente, decidi procurar o responsável, não para o castigar, mas para lhe exigir (sim, exigir) que melhore o seu comportamento e que não se faça de mouco, de desentendido.
Sim, decidi procurar o responsável e ESTOU SEGURO DE QUE O ENCONTRAREI QUANDO ME OLHAR NO ESPELHO.
AÍ ESTÁ. NÃO PRECISO PROCURÁ-LO NOUTRO LADO.


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