("Xinxada" era o termo que nós usavamos quando éramos miudos e iamos roubar fruta para a chamada "Quinta do Meio", onde é agora parte do estacionamento do "Pátio Alfacinha". Até tiros de sal o caseiro nos atirava, a grande maioria para o ar. Era como um rito iniciático para o pessoal da Rua do Guarda Joias. Mas isso é outra história.)
Bom, agarrei no Shoiti e na Jessyka e lá fomos nós, por estrada de chão até à fazenda, apanhar laranjas, pocâns, laranjas champanhe, laranjas daqui, laranjas dali, bom veio a Montana cheia.
A Jessyka estava muito contente de ter ido à fazenda, até deu umas voltas de cavalo com o Thomás Henrique.
Às tantas, o Thomás Henrique chama a Jessyka para ir jogar Playstation com ele (Playstation nova, o miúdo está delirante....) e a resposta que a japonesa do sol nascente, paraíso da electónica de consumo, deu confesso que me surpreendeu: "Nâo quero jogar, não, Thomás Henrique. Eu quiz vir para a fazenda porque aqui tem bichos, vacas, cavalos. No Japão não tem disso...."
A mim deu-me vontade de rir (e ri-me com vontade, para dentro, para não ferir susceptibilidades): o miúdo que toda a vida mexeu com bichos, vacas e cavalos queria brincar com a electrónica de consumo. A miúda que toda a vida mexeu com electrónica de consumo queria brincar era com os bichos, vacas e cavalos.
Ah grande António Variações, tu é que sabias ler a alma humana: "Eu só quero ter tudo o que não tenho, eu só estou bem onde eu não estou".
Ou mais prosaicamente:"A galinha do vizinho é sempre melhor que a minha".


Nenhum comentário:
Postar um comentário