Quer dizer, alguns há que do ponto de vista estritamente pessoal me estão no coração, mas do ponto de vista profissional, fujo deles como diabo da cruz. Quer dizer, fugia. Agora não. Vou contar:
D Deda arranjou-me uma dentista de crianças (sim UMA DENTISTA embora para calar as más linguas vos digo que nunca lhe vi o rosto, sempre tapado por máscara. Mas muito simpática...) para me tratar um cantinho do dente que se tinha partido.
Qundo chegou a minha vez, tremia que nem varas verdes e mal me sentei na cadeira disse-lhe "Dra, tenho pavor de dentistas. Se me tratar como uma criança de 5 anos, eu finjo que tenho 45 e me comporto. Se me tratar como se eu tivesse 45 anos, eu finjo que tenho 5 e fujo daqui em dois minutos..." Foi uma risada, pelo sim pelo não D. Deda até me agarrou na mão e correu tudo bem.
Já lá fui outra vez, tratar outra carie e ja tive a coragem de ir sozinho.
Bom, esta foi a primeira parte da história. Agora vem a segunda parte.
Aqui no Brasil é Outono. O tempo ora está bom, ora médio, ora terrível. Ontem então foi uma coisa do fim do mundo. Trovoada como se caissem montanhas, relampâgos como se Deus fosse papparazzi e cada chapadão de chuva que fazia medo.
E foi isso que aconteceu. Eu tinha ido para o quarto, já estava deitado, e chega a Sky e diz "Olha, D.Deda está com medo da tempestade. Ou vamos dormir prá casa ou ela vem dormir connosco". Assim, sem mais nem menos. Toma lá e desenrrasca-te.
Não, não, na minha cama só eu e a minha mulher. Não há espaço pra mais ninguem.
Vesti os calções e pus uma T-Shirt, agarrei nas almofadas e no meu cobertor e fugi, debaixo de chuva, para dentro da casa.
Quando lá cheguei, D. Deda estava com cara de envergonhada, bendita sogra. E eu disse-lhe:
"D. Deda, se me agarrou na mão quando fui ao dentista, eu agarro-lhe a mão quando troveja. E se não contar o meu segredo a ninguem, eu não conto o seu...."
Claro que a internet não conta... :)
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