Há uns dias atrás fiquei estarrecido sobre o facto de o PM inglês Gordon Brown, ter sido sido apanhado com a boca na botija ao ter sido acusado comprovadamente de ter usado dinheiro público para pagar uma pequena limpeza de 10.000 libras (simplificado 10.000 euros, 30.000 reais) ao seu apartamento em Londres.
Durante os anos que vivi em Inglaterra, a grande maioria sob o governo de Toni Blair (de quem Gordon Brown era Chanceler, Ministro das Finanças) a imagem que sempre passou foi de um político incorruptivel para quem o bem da nação estava acima dos sacrificios pessoais que podessem ser pedidos individualmente oa a cada classe social.
Bem recentemente houve no Brasil um (outro) escândalo sobre os subsídios dados a Senadores e Deputados da Républica para despesas justificaveis com o exercício político e que muitos subsídios, para alem de serem solicitados injustificadamente, eram gastos com despesas que em nada tinha haver com o papel "democrático" desempenhado pelos subsidiados.
Se não tomarmos em consideração o que o Berlusconni anda a fazer, se não precisarmos de esclarecer nem os sobreiros nem o Freeport, isto sem falar de quase tudo o que se passa a Sul do Mediterrâneo, verificamos que os nossos dirigentes deixam um bocado a desejar, um bom bocado.
E voltando um bocadinho ao tema da estupidez humana (peço-vos que não se ofendam) verificamos que existe efectivamente uma linha condutora ao longo do tempo e que se não estivermos conscientes das nossas atitudes estúpidas, estamos condenados a repeti-las logo que oportuno.
E veio-me à ideia um outro pequeno texto, que li recentemente e que reproduz um texto de 1652 de autor alegadamente anónimo mas cujos estudiosos atribuem ao Padre António Vieira. Atenção: 1652.
Diz assim:
"Das três maneiras que um rei pode ser ladrão. Primeira, furtando a si mesmo. Segunda, a seus vassalos. Terceira, aos estranhos. A si mesmo furta, quando gasta da coroa e dos rendimentos do reino em coisas inuteis; aos vassalos, quando lhes pede tributos demasiados e que não são necessários; e aos estranhos, quando lhes faz guerra sem causa. E está tão fora de aproveitar com estas execuções, que executa nelas a sua perda, e do seu reino total ruína"
E mais à frente afirma:
"Que são as demoras de um ministro que não despacha? São despertadores contínuos, de que lhes deis alguma coisa e logo vos despachará. E porque o tal é pessoa grave, e que se peja de aceitar às escâncaras donativos, remete-vos ao seu oficial, quando muito aperteis com ele; e o oficial trás-vos arrastado por um mês e dois meses, e Às vezes seis, com a escusa ordinária de que não acha os papéis, porque são muitos os de seu amo, e que os tem corrido mil vezes com diligência extraordinária, que os encomendeis a Santo António: e a verdade é que os tem na algibeira, de reserva, esperando que acabeis já de lhe dar alguma coisa"
Quão atuais são estes temas e que pena tenho dos 34% que se dignaram em votar no fim de semana passado, nas eleições europeis. Porque, tomando o nivel de abstenções, verificamos que já niguem se preocupa com nada, já nem se dão ao trabalho de utilizar O UNICO instrumento passivel de censurar os governantes: o voto.
É fartar, vilanagem...
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