
Ontem, um dos malandros da novela, daqueles jeitosos que se vão desenrrascando em todas as situações, saiu-se com uma deixa interessante dirigida a uma morena bem gostosa: “Você não é Avé Maria mas é cheia de graça...”
Eu ri-me, D. Deda disse “Essa já é velha...” e a Sky gritou lá de dentro “Não vai aprendendo essas coisas, não....”
Mas fiquei a pensar: Claro que é o papel dos homens mandar piropos às mulheres, é quase uma obrigação. Uma obrigação????? Isto é um papel ou um estereótipo? De que forma os comportamentos são socialmente definidos? Ou melhor, em que percentagem são os comportamentos socialmente definidos? E recordei-me de uma conversa que tinha tido com D.Deda sobre a influencia comportamental da estrutura demográfica brasileira. Ou trocando por miúdos: Quais as consequências sociais do facto de no Brasil haver muito mais mulheres que homens? (Noutro dia falo sobre a razão desta diferença numérica, hoje não me apetece....)
Se tomarmos em conta que Darwin disse que o que sobrevivência é ditada pela adaptabilidade (e não pela força, como se costuma dizer) a verdade é que a mulher brasileira tem mostrado que se sabe adaptar ao ecosistema social em que se insere. O seu comportamento é, em grande medida, definido, como qualquer outra entidade biológica, pela reprodução da espécie. Neste contexto, isto quer dizer que, ao contrário de outras espécies, não são os machos a lutar pelas fêmeas mas sim exactamente o contrário (obviamente não devemos generalizar, mas esta é uma atitude bastante comum....)
Esta atitude é totalmente contrária à moralidade católica/europeia/tradicional e que por isso condiciona a percepção e consequentemente o preconceito. Especialmente em Portugal, que possui uma cultura que conheço, este preconceito traduz-se por uma aversão absoluta das mulheres (às brasileiras) e uma apetência crescente dos homens (escondida, para não afrontar as respectivas....)
Nos meses que antecederam a minha vinda para o Brasil, tive várias conversas com pessoas que tinham já cá vivido, jovens e homens maduros, proprietários e empresários, uns mais bem sucedidos que outros. E todos, sem excepção, falaram das características sexualmente exuberantes da generalidade da mulher brasileira.
E se pensarmos que a sociedade ocidental é profundamente sexualizada, ao mesmo tempo promíscua e puritana, parecem-me hipócritas as criticas contra estas características comportamentais, que são tão relevantes como determinadas cores, sons e danças noutros animais.
Aliás, e a julgar pela Carmen Miranda, não somos de modo algum diferentes. Apenas estamos mais habituados a julgar os outros. Acho que essa é efectivamente a característica que nos distingue dos demais animais.
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